sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

As Editoras são todas desonestas no Brasil?

Recebi, com surpresa, um telefonema do Raul, dono da Editora Summus, reclamando e ameaçando-me de ação judicial e de tirar meu livro do catálogo da editora porque eu disse, no Twitter que TODAS as editoras são desonestas... E ele nem me deu tempo de me justificar, bateu-me o telefone na cara, de modo bastante descortês.

Pisei-lhe no calo, sem a menor sombra de dúvida, pois há já quase 15 anos sou autor da Summus e o Raul jamais ligou para mim e, o que é pior, jamais consegui falar com ele ao telefone, passando de secretária em secretária, num rosário sem fim, para ouvir a indefectível frase: “O sr. Raul está em outra ligação, ele retornará assim que desligar...” e tome esperar por esse retorno que jamais veio.

Talvez, em meu tweet, eu tenha sido generalista demais e tenhas sido injusto para com a Summus. Ela, pelo menos, presta contas semestralmente. O que é estranho, contudo, é o número de vendas apresentado. Baixo demais. E é exatamente isso que surpreende, pois justamente esse livro tornou-se referência em escolas  (faculdades) de Comunicação, tenho recebido centenas de e-mails de estudantes que leram o livro (e garantiram que o compraram), sei de muuuuitas pessoas que o compraram e, em função desse livro, fui chamado a proferir várias palestras (um bom exemplo ocorreu em Vitória da Conquista, em 2008, quando autografei pelo menos cem livros). Assim, é complicado ver uma prestação de contas com valores e números tão baixos. O mínimo que posso pensar é que alguém (distribuidoras, livrarias) está deixando o Raul para trás e ele imagina que esteja vendendo menos do que é verdade.

Mas deixem-me justificar minha suspeita. Atualmente, tenho livros publicados pel Editora Globo (“Saga”), pela Record (“O Fruto do Ventre”), pela Companhia Editora Nacional (“Quinze Dias em Setembro”) e pela Summus (“O Caminho das Pedras” e “Vencendo o Desafio de Escrever um Romance”).

Tente-se comprar o “Saga” em qualquer livraria e a informação é sempre a mesma; “A editora informa que esse livro está esgotado”.  No entanto, na prestação de contas que a Globo me envia anualmente, acusa-se a venda de 02, 05 exemplares... Estranho, não é mesmo? Principalmente sabendo que, no lançamento do livro, eu autografei mais de cem exemplares...

Com a Record a situação é ainda mais estranha, pois uma funcionária da editora (que não vou identificar para não prejudicá-la) disse-me que, mesmo antes do lançamento, o livro já tinha vendido mais de 1.200 exemplares...
E a Record jamais me enviou qualquer prestação de contas.

O mesmo se dá com a Companhia Editora Nacional. Jamais vi uma só prestação de contas.

A Summus, como falei anteriormente, presta contas semestralmente, mas os números são absolutamente incompatíveis com o esperado.

Daí eu ter generalizado, dizendo que TODAS as editoras são desonestas. Desculpe-me o Raul, mas é muito complicado pensar de forma diferente.

E, se ele quiser me processar por difamação e calúnia, que o faça. Será uma maneira ainda mais pesada de meu protesto chegar à grande mídia.

Afinal, não sou um escritor qualquer. Sou, isso sim, um escritor profissional, com nada menos que 1.100 títulos publicados (o lançamento do milésimo centésimo será nesta próxima segunda-feira), detentor de um título do International Guinness Book of Records) e vivo, literalmente, daquilo que escrevo.  Portanto, não posso acreditar que livros que têm sido motivo de tantos comentários via Internet, não vendam o suficiente para justificar uma prestação de contas ou que vendam tão pouco que o pagamento de royalties não sejam suficientes para cobrir uma conta de supermercado. É justamente esse tipo de coisa que desestimula a produção literária no Brasil.

Quanto ao que eu disse em meu Tweet, vista a carapuça quem quiser. Mas seria muito bom que me provasse, por A + B que estou errado e que realmente estou sendo injusto.

1 comentários :

Olá, caro Ryoki!
Aconteceu comigo um caso semelhante. A editora não prestava contas. Quando eu procurava notícias , quando me respondiam, diziam que não havia ocorrido vendas, mas na livraria constava como produto esgotado. Recorri ao contrato que até me favoreceu, mas tive que abrir mão de um montante que eu não esperava. Fiquei na dúvida...

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